quarta-feira, 15 de outubro de 2008

A pechina

Uma vez quê vim à vila, más o pessoal candava sempre comigo, resolvemos ir banhar à pechina.
Comprámos os belhêtes e fomos por aleim adiente, até que se resolvemos a ficar numa mesa daquelas.

— Ora Beim! — Disseu — Adond'é cagente vai vestir o fato de banho?

— Deve haver p'aí alguma casinha. Bora preguntari. — Disse o Cara de Cinoi-ra.

Entrámos lá pa um sitiei e preguntámos:

— É aqui c'agente se vestimos?

Mandarom-nos embora c'ali era só pa melheris; o dos homens era más à frante. Chigámos lá e o gajo pedi-nos os belhêtes.

- Aventámesos!

Ele responde que só podíamos lá vestiri se levássemos os belhêtis.

— Oh homem! Atã se nã acredita, venha com a genti lá arriba à belhetêra pa eli mostrar que pagámos.

Ele disse que nã podia sair d'aléim, mas que nã havia problema; agente podia-se vestiri memo sem belhêtis. De manêras que pegámos nas cruzetas aquelas, despimos-se, prantámos lá a rôpa e já se vínhamos cond'eli nos dissi que tínhamos da dêxar lá.

— Quêi? Pa ma rôbarem?! Ele nã triguêrão!

Levámos a rôpa lá pá mesa qu'é por monde as mulheris ficarem de guarda dela, nã fosse aparcer algum pirum com vontadis de levar alguma coisa. O engraçado foi c'antes da gente se meter drento d'água, quiserom que se molhásemos no chuvêro.

— Atã isso é o ca gente vai fazeri ali drento!—Disse o Cara de Cinoira apontando pá pechina. — Ê até trusse uma falhinha de sabão e tudo! Ei assim q'ele disse aquilo!... O guarda pegou no sabão e aventô-o pá estrada ca força toda.

— Eh o mê sabão!... Pra que seria isso? Tás aqui táõ levando um estramelo nas ventas!

O guarda nã ligo e disse pá gente se lavarmos ôtra vez ódespois de sairmos da água.

— Eh! Com tanta lavage um homem sai daqui todo derencasquiado!

Pulámos pra drento drágua e tivemos uma migalha até que se lembrámos d'ir pular da prancha más alta. O Zéi foi o premêro: rasgo fugindo cá da ponta, batê os péis ca forca toda, e lá foi eli de voio por o ari, com os braços esticados e as mãos juntas. Só nã gosti munto do mergulho deli, porque levava as pernas abertas, e ódespois dê volta no ari, acabando por cair do costas.
Ficô todo encarnado! As pessoas preguntarom-le se se tinha alêjado.

— Ele não! Sê m'alêjasse com um saltinho destis, metia-me em casa!

O Cara de Cinoira pa nã acontecer o memo c'ó Zéi, jogô-se más pá frenti e caiu de barrigada. Ê jogui-me memo de cabeça pra baxo mas di volta e caí de costas.
Ódespois tavamos aleim munto beim, condo uns babosos quaisquer nos desserom pa fazermos uma corrida com elis.

-Bora! Já tá!

Começámos a banhari, e elis cada vez más à frenti da genti!

— Perem lá aí! Que manêra de banhar é essa?

Eles desserom qu'era croli. Agente nã éramos capazes dos apanhari, e atão griti ó Cara dg Cinoira, qu'era o que tava más ó péi das escadas:

— Vamos a cercá-los e amargulhamesos um pecadinho.!

— Bora!

Eh! O Cara de Cinoira partiu desalvorido pa riba d'um, jogô-se em salto de pêxe pra cima deli e o ôtro que nã tava à espera dum fardo daquelis, nem teve tempo de piari.
O bicho engalfenhô-se com eli drento d'água c'até parcia que tava peando um borrego. Dêle um nou ós braços e às pernas c'o ôtro até já bobia gragulejos ós moitôes. Daí a pecadinho diz aquele bicho:

— Olhó! Ah já ganes!!...

Boum, condo ele o largo,
o ôtro até tava roxo. Só porque teve uma migalhinha debaixo d'água, com as guelas apertadas, ia-le dando uma macacoa!

É por isso qu'eu digo sempre o même: Estes rapiazes d'agora sã mum fracos! S'eles comessem açordas e migas com fartura em vez de bifes, erom munto más rijos, e aguentavom-se munto melhó nas canetas!

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