Uma vez saímos do Taquali ê, o Zéi Alacrau e o Cara de Cinoira, pa'aí 18 ô 19 anitos, e de manêras que q'riamos era ver o gado bravo, que como quem diz: ver o mulherio. Como sempri, o balho era na sociadade e no lá chigamos, a casa já tava toda atabicada de pessoal inté à porta. Entrámos lá pra drento, pegámos cada um em sua cerveja e pusemes-se com os péis encostados à paredi, correndo os olhos por o mulherio. Foi atão (já o bailho tinha começado), que vi na fila da frenti, uma moça quê nunca tinha visto antis, tava ali entada muto séria, mostrando a sua boniteza, conde me chigui lá ó pei e prégunti:
— Qués balhá com migo ô não?
— Prégunta à minha mãe — dis'ela rindo-se. Ê prégunti, e a velha dela olhô-me da cabeça ós péis.
— Vai lá! — Diss'ela — mas balhas aqui ó pei de mim porquê nã qué etufêgo nem pôcas-vergonhas... E nã o dêxes arrima muto!
— Olha lá, a tua mãe dromiu com o cú volto pá lua esta note?
— Eh! Drome sempri!
— Comé que tchamas?
— Bia... taã e tu!
— Manei... e jogo à bola no Taquali!
— Ah quengraçado! Ê sô da Defesa da Borralha.
Boumm, más conversa menos conversai acabi po marcarum encontro no ôtro dia. À hora marcada lá aparece ela no sítio que tínhamos combinado.
— Tão ? Sabes o qué quê te quero pediri?
— Não, mas calculo — Diss'ela ca cabeça baxa, e o
péi dêtro firmado na biquêra.
— E queris? — Torni eu. Ela riuse e voltô-me as costas.
— Quero — Rispondeu. Ê chigui-me ó péi dela e pedi-le um bêjo.
— Ah sem vergonha! O que tu queres é chulici!
— Nã éi não! — Boum lá tive ca convenceri que nã era por mali. A parti desse dia começamos-se a encontrar naquele sítio, até quela pediu consentimento da mãe pa ê ir lá ó monti da Defesa a namorari. A velha era torta das orelhas ma lá consentiu. E uma tardi, chigui ê lá ó monti, qué pós pais dela me conhecerem. Depois duma migalhinha de conversa o pai dela abalo e só fico a velha fazendo mêa.
— Mana Jôquina! Posso--me sentari ó pei da Bia? — Pidi ê.
- Podis!...Ma nã t'arrimes muto!
Ei o raio da velha! Se nã fosse por quei tinha-le esborrachado os cor... a cabeça contrá paredi.
— Tã Bia? Qué que tens feto?
— Ora, tenho dado de come às galinhas...tenho é um trabalhão com as piruas que tã no choco, tenho de le dar de comer à mão!
— Ah! Olha, ê agora ando atrás duma vara de porcos.
E foi assim passado um ano e tali quê me casi más a minha Bia. Logo no premê dia de casamento tive que l'enxugar o pêlo, porque condo chigui lá ó monti, tava ela dand'á língua com umas amigas ca tinhom ido vesitari, em vez de tar cosendo as mêas.
Estôôôiro!
quinta-feira, 16 de outubro de 2008
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário